sábado, 10 de dezembro de 2011

Ponto sensível.

"Oláááááááá!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"
"Tudo bem?!?!?!?!?!?!?!?!????"

É isto. É isto, minhas meninas e meus meninos. É isto que vos FAZ ser meninas e meninos.
Não me levem a mal, mas: levem-me a mal! Pode ser que se o fizerem, se sintam realmente incomodados convosco próprios.
Há alguns anos atrás, não há tantos como me orgulharia de poder dizer, estava eu na primária e tive uma professora. E bastou-me. A partir daí, passei a esforçar-me por usar uma pontuação correcta, já que, sendo eu um ser humano, seria necessário que tal aprendesse para, vá lá, comunicar com os outros seres, também eles humanos ou não. E o que eu aprendi, embora pareça um bocado básico para muitos de vocês, parece-me ser o mais acertado... Porque, vejamos: o ponto de interrogação ("?"), por exemplo, serve para, lá está, fazer uma interrogação. Para que servem três pontos de interrogação? Para identificar a questão como uma das grandes questões do nosso tempo? Não. Servem para identificar quem os escreve como "alguém". Quem? Não sei, nem me interessa.
Não estou com isto a querer dizer que não apoio o convívio entre os pontos de interrogação. Longe de mim. Até se me aquece o coração ver uns cinco pontos de interrogação a fazer uma churrascada em casa de um casal de pontos de exclamação ("!"). Mas isso são actividades que eles devem fazer nos seus tempos livres, quando não estão a ser usados para transmitir ideias.
De facto, não é usando tais cinco pontos de interrogação que uma pergunta se torna mais pergunta do que as outras. Nesses termos, a humanidade pode-se orgulhar de ter criado algum contexto de igualdade. Vinte "?" no fim de uma frase também não a torna mais importante, nem significa que há mais conceitos questionáveis nela do que nas outras.
Paralelamente, não existem exclamações mais exclamativas do que outras. Toda a gente exclama, e até aceito que haja quem exclame mais do que outros, mas não é a acumular pontuação que se demonstra isso na escrita. O acúmulo de pontuação pode parecer inofensivo, nos nossos dias, mas pode vir-se a tornar num fardo para as gerações vindouras. Da finitude do petróleo todos falam, mas quando toca a pontuação é tudo a esbanjar como se fossem o Papa. Ainda só conheci um ser humano pro-activo nesta questão: só José Saramago poupava pontos finais como ninguém. É claro que às custas de muitas vírgulas, mas ao menos já foi um começo e um exemplo. Só à conta deste grande homem, as próximas gerações já podem contar com mais alguns milhares de pontos finais. Agora imaginem se todos nos esforçássemos de igual modo, quantos pontos não se poupavam para que os vossos netos possam ler histórias sem ter que suster a respiração ao longo de cinco linhas.
E quem fala em pontos finais, fala também na eterna dúvida: as reticências. As reticências permitem-nos questionar: e que mais? De facto, as reticências são o único elemento de pontuação em que se deve até incentivar ao convívio. Mas, claro, em doses moderadas. Um convívio de um único ponto final é estúpido. Um convívio de dois pontos finais mostra-se insuficiente; há uma troca de ideias entre um e outro, mas não passa disso. Um convívio de três pontos finais é perfeito, permite uma situação de rodagem de ideias, em que nenhuma é descriminada. Um convívio de quatro pontos finais já é demais, já é abusar da quantidade de informação que cada um dos pontos pode absorver, e é propício à criação de grupinhos no seio da actividade. E o mesmo se aplica aos convívios de sete e de 23 pontos finais. Estes são apenas ridículos, ninguém se entende.
É por isto que "Hum............" não quer dizer que esta pessoa está mais pensativa do que as outras, porque se pensasse realmente com tanta força veria que escreve de forma parva e relativamente estranha.
E eu até sou completamente a favor da parvoíce e da estranheza relativa, desde que sejam escritas com rigor.

Neseke,
Abreijo.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ode a... isto.

O que nós perdemos! Ai, o que nós perdemos em tão pouco tempo... É pena, porque antigamente é que era!
É verdade, tenho muita pena de fazer parte desta geração, deste bando de selvagens e, portanto, futuros moribundos. O que vale é que, ainda hoje, vivemos em condições fantásticas, somos um exemplo civilizacional para qualquer um, seja planeta, galáxia ou universo constituído por ervas aromáticas.
Tem toda a razão, senhor de camisa xadrez abotoada até ao pescoço: no seu tempo é que era! Foram tantas as boas decisões que tomaram que hoje em dia vivemos no paraíso.
Sim, senhor que se recusa a usar calças de ganga e ainda hoje usa calça de linho: não devemos usar coisas práticas, devemos dar o exemplo sobre o que é o bem-vestir, a rigorosidade, a formalidade. Afinal, temos visto que tudo isso tem vindo a dar resultados fantásticos... pelo menos no que toca às aparências.
Concordo completamente, senhora acamada e com uma cornucópia no ouvido: antigamente é que era bom, e viviam bem! Estas meretrizes, que andam por aí a arranjar trabalhos, e a pensar por si próprias... Que vergonha, que vergonha! Quem lhes dera a elas ficar em casa fechadas todo o dia e a tratar do lar. Afinal é o que os peixes fazem nos aquários e nunca os vimos a queixar-se.
Palavras sábias, senhor com casaco de lã pelos ombros e óculos na ponta do nariz: que vergonha que é ouvir palavrões pelas ruas, estados puros e à flor-da-pele da indignação e dos sentimentos de injustiça que estes miúdos de hoje em dia deixam escapar pela boca fora. Onde é que já se viu pessoas a dizerem o que lhes apetece e os palavrões que querem? Parecem vindos dessa má-remessa Iluminista, de liberdade do indivíduo e da sua afirmação pessoal. Sim, essas ideias estúpidas pelas quais se lutaram durante séculos. Que inutilidade, que elas são! Afinal, que têm eles para se queixar? Quando você era novo, fez questão de deixar tudo bem e certinho para que eles não tivessem razão de queixa...
Muito bem, senhora vestida de preto e, óbvia e automaticamente, ainda muito triste pelo falecimento do seu ente querido: que desplante tem esta cambada de animais, de pervertidos, que são capazes de se mostrar completamente uns aos outros E COM AS LUZES LIGADAS! Que vergonha! Passou-se de encarar o sexo pela única utilidade que ele tem, o de fazer filhos para continuar a remessa, a encará-lo como meio básico e intrínseco ao ser humano de prazer. Sexo por prazer?! Que embuste ideológico! Saudades de quando a pornografia era tão simples quanto mostrar um tornozelo. Aí sim, eram tempos de sensualidade e de transparência humana devidos. Não é como hoje, que se atiram para cima uns dos outros e nem têm a decência de criar uma família para depois terem 12 filhos, como deve ser. Assim, não haveria dinheiro para mandar nenhum dos 12 para a escola e deixava-se, ainda assim, que eles tomassem as decisões sociais que quisessem para o futuro. Foi isso que aconteceu até agora, vá-se lá dizer que nos encontramos num mau estado por causa dessas mesmas decisões...
Sim, senhor com uma pala no olho e sonhos suicidas durante a noite: somos uns meninos, uns verdadeiros maricas, porque nem passamos pela vida militar! Que vergonha, deixarem de se alistar num aspecto tão importante da sociedade e que tantas alegrias trouxe para a mesma como é a guerra. Que pena que você deve ter nossa, por defendermos cada vez mais a paz e a desarmação mundiais, algo que nem contribui em nada para o bem-estar das pessoas. Devíamos ter passado pela guerra, para enrijar as nossas personalidades! Onde é que já se viu recusar a guerra e os propósitos completamente racionais e devidamente fundamentados pelos quais ela se rege e preferir rumar em direcção da paz e do não-massacre de milhares de vidas e de cidadãos livres.
Tanta razão que todos vocês têm! E, no entanto, estamos no estado em que estamos... Que paradoxo completamente erróneo é este? De que bruxaria malévola e completamente atroz estamos a ser vítimas? Vocês fizeram tudo bem, então porque raio é que chegamos tão ao fundo, como agora nos encontramos?!
Mas que raio... sem dinheiro, com uma completa desorganização política, social e económica, com poucos recursos naturais, com cada vez mais seres vivos a extinguirem-se, com um buraco na camada de ozono do tamanho do próprio Mundo, com uma verdadeira sobre-população ainda por cima infestada de putos mimados e resmungões...
Se deixaram isto tudo limpo e como é devido, no vosso tempo, porque raio é que chegamos a esta situação?

Efharisto,
Abreijo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Cepticismo intemporal.

Chegou o vosso Rei e Senhor, aquele que vos quer e mais ninguém!
Peço desculpa... estive numa tarde de caça com os meus grandes amigalhaços Nuno da Câmara Pereira e João Portugal e devo ter apanhado alguma constipação, ou assim. Eu cacei duas pessoas com carreiras e sonhos falhados, eles não caçaram muito porque, diga-se, não tenho muito por onde se pegar... ainda.
E começam vocês outra vez com as vossas perguntas de 'chacha': "Diogo, tu que és tão interessante, bonito e com muito para oferecer quer no plano intelectual como no plano da higiene na casa-de-banho, porque razão dizes que não tens muito por onde se pegar?"; Primeiro: odeio bajuladores. Parem com essa treta; Segundo: porque sou ainda um mero estudante, ainda não cheguei ao ponto de decidir defender a monarquia, ou de enveredar por uma carreira de artista pop, ou outro qualquer sonho utópico desse tipo.
Apesar disso, a vida de estudante tem, no entanto, vindo a dar-me material suficiente para conseguir formular algumas teorias próprias, que se ainda houver gente decente neste Mundo, decerto serão reflectidas e adoptadas no futuro, em prol de um Marte melhor. (Sim, no futuro vamos colonizar e mudar-nos para Marte. Ser tipo o Vale e Azevedo, mas... em bom.)
Falo, então, da frequente e continuamente utilizada expressão "...era uma ideia/um projecto muito avançado para a época". Não me interpretem mal, também acho que esta expressão dá um ar de conhecimento, de inteligência, de construção ideológica aceitável, se não fosse completamente estúpida e irracional. E, como sabem, racionalismos é comigo!
E é uma expressão que toda a gente usa, sem ninguém pensar realmente no que está a dizer e passando a demonstrar, assim, e ao contrário do que desejaria, uma estupidez e cegueira profundas. Utilizadores de tal expressão, digam-me: o tal sonho de construir uma máquina do tempo já foi, no vosso mundo, concretizado? Se não, então por favor deixem de dar desmérito aos ideólogos, aos pensadores, às pessoas que efectivamente usam expressões que querem dizer alguma coisa. Ora, se dizem que uma ideia é avançada demais para a época, então isso quer dizer que quem a teve é um prodígio? Que é vidente? Que é uma espécie de Exterminador Implacável Formulador de Ideias Futuristas vindo do... portanto, futuro? Se uma ideia é formulada numa dada altura, é completamente estúpido afirmar-se que ela é "avançada demais para a época", pois, e sobre isto tenho uma muito bem-fundada certeza: ELA FOI FORMULADA NA PRÓPRIA ÉPOCA!
Então como se deve encarar este acontecimento, acusar essa pessoa de ser uma bruxa e queimá-la numa fogueira agarrada a um poste (a pessoa, não a fogueira), brincadeira muito praticada pelas crianças nascidas por volta do século XVII? Deve-se assumir que essa pessoa fez toda uma viagem desde o futuro, sabendo perfeitamente como estão altas as portagens nas auto-estradas multi-dimensionais para dar a boa-nova ao Mundo sobre um método inovador de cozinhar arroz sem ter que queimar os nós das mãos? Não! Se a ideia foi formulada na altura em que se comiam vacas cruas, então não pertence à altura em que se come a Rute Marlene gratinada e numa caminha de batatas. Pertence, lá está, à altura em que se comiam as tais vacas cruas, com o rabo ainda a abanar as moscas.
E pode haver quem diga: "Ah, coiso e tal, podia ainda não haver na altura os métodos, instrumentos e técnicas necessárias para levar a ideia avante", e de notar que quando digo 'avante' estou mesmo a falar no sentido literal. Calma, senhor Jerónimo.
Ora, se assim é, que tal tentarem falar com o próprio pensador que formulou a teoria, em vez de refutar e desacreditar o pobre coitado de imediato? Penso que ele, mais do que qualquer outra pessoa, terá uma boa concepção estrutural que pode vir a ser útil. Não me parece que a ideia final lhe tenha surgido por obra e graça do Espírito (sim, trato-o por Espírito). Não que não acredite em tal coisa, apenas acho que não é da natureza do Espírito Santo querer incentivar as pessoas a serem estúpidas e, até, hereges ao ponto de usarem expressões como "... é muito avançado para a época".

Vinaka,
Abreijo.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Opinião desconstrutiva.

Gruas. Decidi passar a parte das introduções e começar logo por identificar o tema que me traz aqui hoje. Isto e o facto de que, não tendo nada para fazer, ao menos tenho Internet e posso sempre chatear-vos/maravilhar-vos com as minhas tretas construtivas.
Em que aspecto, então, é que as gruas me afligem? Calma, também não é assim tão grave. Elas não me afligem, apenas me intrigam. Não sejam extremistas.
Ora, sempre que olho para uma linda paisagem, seja ela campestre, litoral, citadina ou as pernas da Elsa Raposo, vejo sempre lá pelo meio uma grua, um vértice na maior parte das vezes amarelo e que já aprendi até a ignorar, a encarar como parte da vista. É por isso que não estranharia em ver um areal imenso com uma grua a fazer de poste de bandeira, ou uma dona de casa a substituir a Bimby por uma grua e passar a cozinhar almoços de Domingo em família literalmente com muito ferro.
Há, no entanto, uma coisa que ultimamente - e talvez devido ao meu amadurecimento pessoal e acrescida capacidade de observação e de questionamento do que me rodeia - me tem vindo a intrigar no que diz respeito a este aparelho tão útil e versátil, que nos impede de ter que chamar o Sultan Kosen ou, no caso português, o ego do Cristiano Ronaldo sempre que queremos acrescentar um 23º andar num arranha-céus, ou uma nova parede no apartamento da Sónia Brazão. E o que me intriga é o facto de, sempre que vejo uma grua, esta já estar totalmente construída e pronta para acção. Isto levar-me-á a questionar, portanto, e naturalmente: Como é que se constroem as gruas? Serão precisas outras gruas para se montar uma grua? E se assim for, como foi construída a primeira grua do Mundo, se não haviam mais gruas nenhumas para ajudar na montagem?
Alain Robert, o chamado "Homem-Aranha francês", só nasceu em 1962, e penso que antes disso já se construíam... coisas. Portanto, não me parece muito provável que tivesse sido ele a escalar as vigas de ferro uma a uma para ir montando a grua, qual miúdo de 7 anos, vulgo João Moutinho, que monta toda uma panóplia de edifícios estranhos e de origem duvidosa com as suas peças de Legos.
Pensem nisso da próxima vez que virem algo a ser construído. É certo que nos tempos em que vivemos é raro haver dinheiro para construir alguma coisa, mas se por qualquer milagre dos deuses passarem por algum edifício que tenha sido abençoado com o privilégio de ser (re)construído, pensem bem no que nos está a ser escondido, no que nos andam a ocultar. É certo que as gruas andam a ser construídas, não querem é que saibamos como. Desconfiem, meus caros, desconfiem de tudo e de todos. Nestes tempos modernos, nem em gruas podemos confiar como dantes!

Dêkuji,
Abreijo.

terça-feira, 26 de julho de 2011

Meias-macaquices.

Tenho tantas saudades vossas que só o pensar escrever de novo para vós já me faz tremer os joelhos. O que até nem é assim tão mau, visto que vos escrevo bem sentado e com um sentimento de profunda preguiça, que só a mim me é característica. Assim, até os tremores dos joelhos se mostram preguiçosos e, no fundo, não existem.
Portanto, e depois desta introdução que de útil tem muito pouco, qual Batatinha num qualquer evento com o propósito de animação, comecemos então pelo que realmente interessa, pelo menos para mim. Há um factor que me caracteriza, um aspecto pelo qual me rejo todos os dias e que me define enquanto ser único e estonteante que sou: nutro uma afeição muito grande pelo sexo feminino. Sim, é verdade! Era capaz de pegar nas mulheres de todo o Mundo e fazer uma metragem tão longa quanto o nariz do Júlio Isidro, os dentes do Júlio Isidro, a altura do Júlio Isidro... Caraças, que o gajo é mesmo estranho...
No entanto, há coisas pelas quais já deixei de tentar exigir uma explicação, coisas que esse mesmo sexo vê como adquiridas e que, pelo menos para mim, continuam a ser tão incógnitas como o porquê dos Teletubbies terem sequer sido inventados - encaremos os factos, toda aquela série é ridícula. Estarei eu a falar da sua pré-disposição para o drama? Do seu tão mal-amado amor (passo a redundância) por compras? Das suas dores de cabeça - espontâneas ou não - mal o companheiro chega à cama? Não. Estou a falar, pura e simplesmente, da sua ideia de estética, de simetria visual em relação ao seu próprio corpo.
Mais propriamente, refiro-me à sua ideia de depilação bem feita, dos pêlos que se devem ou não retirar. Não me interpretem mal, adoro uma mulher que não me provoque cócegas quando lhe toco, nem que me prenda os dedos nos pêlos quando lhe afago as pernas. Não percebo, no entanto, e mais concretamente, a sua recusa em fazer a depilação aos braços. Mulheres, com todo o respeito: qual é a distinção que fazem entre os restantes pêlos do corpo e os pêlos dos braços? Até entendia se encarassem os pêlos dos braços como alguns indianos encaram as vacas. Mas visto que não me parece ser esse o caso, porquê querer mantê-los?
Obtive respostas de que ao depilar os braços os pêlos cresceriam mais fortes, e que portanto era melhor mantê-los tão puros como o bigode de um miúdo de 14 anos que aprendeu agora a usar a Internet para pesquisar coisas que os seus avós condenariam por completo. Para além de relativa, esta ideia é, muito simplesmente, estúpida. Se depilar as pernas é aceitável, nesse sentido, o que é que os braços têm de muito diferente? E não me digam que a razão principal é pelos braços serem mais observáveis do que as pernas, num contexto social. Se toda a gente fosse como eu, o primeiro sítio de avaliação que consideravam em relação ao sexo oposto seria as pernas. Para além disso, todos sabemos que chegam a haver mulheres que mostram mais as pernas do que os braços, de tão orgulhosas que estão dos seus membros inferiores. E não as vemos a conservar os pêlos das pernas intactos com medo de se tornarem no pé-de-feijão gigante da história do João.
Ainda há as "espertas", as que decidem alourar os pêlos na expectativa de que fiquem menos visíveis. Fazer isso é o mesmo que ser o Francisco Louçã, na esperança de fazer ouvir as suas ideias: é apenas estar enganar-se a si próprio. Pintar os pêlos de loiro, para além de vos dar um ar de pré-adolescência, também vos dá um ar de desleixo, de desespero por tentar esconder algo da forma menos trabalhosa possível.
Sim, já referi que nutro muito carinho e admiração pelo sexo feminino. E também não desgosto de símios, por exemplo. Mas a junção de ambos já me parece forçada. Mulheres: deixem que sejam apenas os culturistas a parecer macacos, da cintura para cima. Em vocês, as que querem parecer realmente femininas, fica-vos muito mal.

Sinceramente,
Um fã preocupado.

Maketai,
Abreijo.

domingo, 13 de março de 2011

Vitinho alternativo.

Oh, que fofos! Fizeram um clique qualquer que vos trouxe directamente a este meu humilde mundo? Vejam lá, se vos custou assim muito. Chegaram bem, a viagem foi boa e agradável? Aceitaram cacahuetes da menina do "Chá, café, laranjada?". Se não, deviam - são divinais!
Pronto. Apesar de todo o meu apreço e respeito pela comunidade, deixemo-nos de "mariquices". Vamo-nos divertir? Vamos, com certeza. Pelo menos eu vou, visto que gravei o último episódio de uma das vinte novelas da noite da TVI e aprecio muito toda a comédia - vulgo, "ridicularidade" - intrínseca aos momentos dramáticos das tramas. Isto até poderia ser um trava-línguas, mas não me apetece muito encará-lo como tal. Decidam vocês...
Ora, não é novidade nenhuma que o ser humano é sádico, que é mesquinho, que adora ver na queda de alguns o engrandecimento de outros. E é-o, incrivelmente, mesmo deitado na cama. É verdade, meus amigos/conhecidos/low-lives que vêm aqui só porque sim, mesmo a adormecer muitos de nós conseguimos ser maus, cruéis até. Diga-me lá, caro leitor, se não é daquelas pessoas que apreciam ouvir a chuva a bater na janela quando está deitado na cama, naquele limbo entre a realidade da qual faz parte, não muito felizmente, a Paula Bobone, e a terra dos sonhos (ou, em alguns casos, os extensos pastos de estupefacientes). Não quero que me interprete mal, caro leitor. A nossa relação até agora até tem sido muito boa e gratificante, e aposto que sem a sua presença neste meu espaço, a minha vida não seria a mesma e eu já teria ido a um qualquer supermercado comprar lâminas de barbear para fazer uso delas (e, visto que não sou possuidor de elevadas quantias de fios capilares faciais, penso que deduzirá rapidamente o que eu quis dizer com isto). No entanto, ambos sabemos que as relações não são perfeitas, e são pequenas/grandes coisas como esta que me desagradam em si.
Senão, pense: Enquanto você se congratula por estar sozinho na cama (sim, porque alguém que estivesse acompanhado, dificilmente prestaria atenção ao débil som da chuva, a menos que ela fosse tão forte como as lágrimas de Luís de Camões ao ver todos os erros ortográficos que os jovens de hoje em dia decidem cometer nas inúmeras redes sociais) a ouvir a chuva bater-lhe na janela, o que é feito do pobre coitado que acabou de ser expulso pela janela da casa da amante porque o marido da senhora quase os apanhou a fazer aquilo que eu gosto de classificar como "contorcionismo exacerbado"? Para além de toda esta situação desagradável, terá agora que levar com a chuva quase nu, pois não teve tempo de levar toda a roupa com ele. E, para além disso e não menos importante, a minha casa, que, a longo prazo, terá que ser pintada mais frequentemente, por causa da chuva e das "patadas" dos gatinhos que decidem ir passear na lama à lá Brad Pitt em início de carreira e transportar metade dessa mesma matéria para as paredes do meu lar. Nisso não pensam, vocês.
No entanto, tenho uma solução que, se levada a sério, vos poderá ser útil. Ora cá vai, e seja o que Chuck Norris quiser: Substituir cada pingo de chuva por um próprio gato. Deste modo, as leis da física tornavam quase impossível a inclinação dos mesmos em direcção à vossa janela e, para além disso, o som seria um pouco diferente a cada "pingo", tornando a coisa muito mais interessante e divertida. Seria uma espécie de jogo de identificação de sons, no qual o leitor tentava adivinhar como teria caído o gato no chão. Se o som fosse muito abafado, decerto que teria caído de face, e por aí adiante. Numa outra hipótese, poderíamos esventrar os gatos ainda antes de caírem, e quando deitado na cama o leitor poderia identificar o som do coração, da orelha direita ou, mesmo, de um qualquer dos intestinos (este último seria mais fácil de identificar, visto que seria um som muito mais longo e duradouro que os restantes). Veja lá bem, caro leitor, que até estou disposto a pintar a minha casa de vermelho, ou a revesti-la com cola de modo a condizer com esse mesmo fenómeno climático. Quando me perguntassem de que cor tinha eu pintado a minha casa, eu diria orgulhosamente e com um largo sorriso no rosto: "De chat de ciel!".
Pronto, era isto que tinha para vocês hoje, meus caros. Para, mais uma vez, vos apontar os vossos defeitos e realçar os meus, como a minha mente relativamente sádica ou o meu ódio por gatos (se bem que eu continuo a considerar ambos virtudes). Para, portanto, preencher as vossas vidas e as vossas lacunas mentais com ideias e projectos que, não deixando de ser fantásticos, decerto não irão para a frente, pelo menos não neste país. O que é inconcebível e, ao mesmo tempo, me deixa descansado, visto que assim não sou conhecido como alvo de ribalta num país onde ainda dão trabalho em televisão à Bárbara Guimarães.

Dankon,
Abreijo.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Atrasos progressistas.

Chamem-me antiquado. Vá, chamem-me antiquado! Chamem-me tradicionalista, atrasado, cota, avô, fóssil, D. Duarte Pio... o que quiserem.
Agora peçam desculpa. Não estou aqui para ser insultado. Ando eu aqui a tentar entreter-vos e é assim que me agradecem? Mal-educados!
Pronto, admito que no que toca a alguns assuntos possa ser um pouco apologista do antigo, mas penso que o sou em áreas em que, realmente, o antigo é melhor que o novo. É claro que há coisas que, como dizia o já saudoso Carlos Silvino, quanto mais novas melhor, como um belo par de meias, os seios de uma holandesa ou, mesmo, a carreira do Maradona antes da sua obsessão pela palavra "branco".
No entanto, penso que a maluqueira das novas tecnologias às vezes exagera. É como aquelas crianças que, "quando se dá uma mão, querem logo o braço" (adoro esta expressão... relembra-me os tempos em que a Alemanha jogava paintball pela Europa, mas a sério). Senão, vejamos: Quando os progressos tecnológicos nos introduziram no Mundo dos telemóveis e dos computadores portáteis, veio Steve Jobs, um homem que - por falta de imaginação, talvez - decidiu criar uma empresa com nome de um dos ingredientes de tarte de maçã e alterar completamente a ordem e estrutura destes mesmos aparelhos, bem como as suas funções básicas.
Hoje em dia, e graças a este senhor, temos telemóveis que imitam flautas e copos de cerveja. A última vez que vi alguém levar o telemóvel à boca de tal forma remonta aos tempos em que os telemóveis ainda tinham antenas, e os jogos do Benfica ainda eram interessantes ao ponto de roermos essas mesmas antenas quase até ao botão "3def" do telemóvel; Graças a este senhor, hoje em dia podemo-nos congratular por nos terem sido impingidas umas "cenas" estranhas, que nem computadores nem telemóveis são. Estes aparelhos, denominados por iPad's, são aquilo que eu gosto de chamar "o cúmulo das ideias atrapalhadamente inúteis", pois ficamos então com um aparelho que, ao fundir um telemóvel com um computador portátil, não aproveita nenhum dos propósitos pelos quais ambos foram construídos. De facto, a junção do melhor destes dois aparelhos iria pressupor a criação de um outro aparelho que realizasse chamadas telefónicas e no qual eu pudesse jogar todo o tipo de jogos com violência tão realista como o estado da cara de um adepto do Benfica depois de uma partida de golfe com um apoiante do F.C.Porto.
Por pura ironia ou mesmo só para contrariar, Steve Jobs decidiu criar um aparelho que não serve para nada disso. É, portanto, um instrumento cujas funções se encontram naquele limbo, naquela coisa de: "Isto serve para quê, então? Não sei, mas como é novo, deve ser bom". De facto, até as já tão badaladas pulseiras Power Balance têm propósitos (embora hipotéticos) mais bem definidos do que o próprio iPad. Com a Power Balance, poderei afirmar (se for parvo, claro): "Ah e tal, esta pulseira está mesmo a cumprir o seu objectivo de me alinhar os chakras, e os karmas, e as curvas dos intestinos", e mais não sei o quê; Com o iPad, apenas poderei afirmar: "Ah e tal, este aparelho está mesmo a cumprir o seu objectivo de... err, portanto... fazer... hã, tipo... ya."
Há, ainda, um outro aspecto que me chateia imenso, mais do que qualquer falta de brindes efectivamente divertidos nos ovos Kinder: Porquê insistir nos aparelhos sem botões?! Deparei-me com o cúmulo desta insistência quando, recentemente, me dirigi a uma loja do meu operador telefónico a fim de comprar um novo telemóvel, visto que o meu tinha andado uns dias antes com más companhias e começou a agir de forma estranha, a ver gafanhotos gigantes e a chamar "normal e equilibrado" ao Renato Seabra (já cá faltava a menção ao assunto). De facto, ao chegar lá reparei que já não havia telemóveis com botões palpáveis, com saliências que, ao serem tocadas, pudessem contribuir para alterar o estado do software (até parece que percebo da cena) do telemóvel. Todos os telemóveis que lá havia eram apenas ecrãs com esteróides, grandes demais para o que estou habituado. Na minha ignorância, até pensei em comprar um controlo remoto para acender o ecrã, visto que o aparelho carecia de muitas mais outras formas de se ligar. Pensei, até, em gritar com ele até ele decidir acender-se, mas visto que tinha o bilhete número 24 e o balcão ainda mostrava o número 11, achei melhor não incomodar as restantes 13 pessoas que esperavam impacientemente à minha frente enquanto dançavam o Vira umas com as outras para matar o tempo.
Antigamente (e cá estou eu outra vez a dar ares de ser muito adulto), um dos botões do nosso telemóvel deixava de funcionar e nós reavivava-mos o bichinho à porrada. Se isto não resultasse e o telemóvel acabasse por ficar inutilizável, podíamos sempre pagar um tanto para, então sim, consertá-lo na íntegra. Hoje em dia nem existem botões para ficar avariados. Se uma pessoa tiver um problema com um dos botões, lá terá que mandar todo o telemóvel, com toda a sua pompa e circunstância de aparelho pseudo-avançado, para a loja, ficando apenas dependente de telefones públicos ou da voz da Teresa Guilherme em caso de surgimento de alguma emergência. Estaremos nós assim tão carentes em termos afectivos que precisemos acariciar uma superfície plana durante 15 minutos só para conseguir escrever um "T"?
Imagino que já devam estar cansados de ler, de tão extenso que é este texto. No entanto, é de aproveitar, porque quando substituírem por completo estes botões do teclado através do qual qual vos escrevo por um super raio-laser-x-infravermelho que escreve sem ser necessário usar as mãos, deixarão de ouvir falar de mim.

Hvala,
Abreijo.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Conversações auditivas.

Olá, tudo bem?
Escusam de responder, não estou realmente interessado. Estava só a tentar ser simpático. O que achei? Não gosto, prefiro voltar ao meu registo habitual.
E que melhor maneira de começar senão realizando outra crítica extremamente mordaz e estonteantemente gira à nossa sociedade contemporânea?! Vamos a isso? Vamos, com certeza. Deixem-me só acabar de amarrar os sapatos e escovar os dentes ao Relâmpago, o meu porquinho-da-índia de estimação e totalmente inventado à última da hora para encher texto.
Eu gosto de música. Eu gosto de ouvir música. Tal como Jessica Tate da série americana Soap, gostaria que a minha vida tivesse uma banda sonora própria. Nos dias de hoje esta actividade tornou-se cada vez mais realizável, começaram a surgir walkmans, mp3, iPhones, a voz da Júlia Pinheiro... Enfim, variadíssimos métodos de conseguirmos ouvir todo o tipo de registos sonoros a vários quilómetros de distância das nossas casas.
Ainda, houve uns meninos que, talvez por não partilharem o mesmo amor pela música e estarem fartos de ouvir pelas ruas os diferentes gostos musicais de variadíssimas pessoas, decidiram inventar auriculares, umas coisinhas que permitem aos seus utilizadores desfrutar das músicas que aprenderam a gostar sem precisar de incomodar os outros. É óbvio que, como todas as invenções (para além da Mulher, que disso não necessita), este aparelho sofreu alterações, foi sendo aperfeiçoado, tornando-se mais actual, mais discreto, mais cómodo. De facto, as monstruosidades que antigamente colocávamos nos ouvidos para ouvir música e que nos faziam pressão na cabeça foram transformadas em aparelhos tão simples como o cérebro do Cláudio Ramos, transformados em simples fios que na ponta têm uns pequenos "microfones invertidos" que enfiamos nos ouvidos.
E é aqui que se dá uma reviravolta protagonizada por pessoas que, ou acham que ainda estão em 1990 ou têm problemas graves de "frieiras" nos ouvidos. São pessoas que, mesmo nos dias de hoje, continuam a usar os auriculares gigantes, aquilo que eu gosto de chamar de mola capilar, que nos aperta e afronta a cabeça e nos faz parecer parvos (ou alpinistas que almejam chegar ao cume de um qualquer monte dos Himalaias). A menos que sejam DJ's, nesse caso serão encarados como parvos de qualquer maneira, com ou sem auriculares gigantes.
Ainda, há quem passe o dia todo com tais tampões de ouvidos gigantes à volta do pescoço, afirmando que apenas os usam para o "estilo". E a minha pergunta é esta: Vocês odeiam mesmo a vossa vida ou apenas acham que parecer ridículos até é giro? Se querem usar algo ao pescoço, usem um cordão, um fio de ouro, um dente de tubarão ou, mesmo, uma corda de enforcamento. É-me indiferente, desde que deixem de agir como os velhos de barbas e pêlos do nariz brancos e repugnar todo e qualquer tipo de avanço tecnológico criado pelo Homem.
Encarem isto como um conselho, uma dica de como viver melhor e ser socialmente aceite, ao invés de agirem como verdadeiros lesados mentais com antropofobia, agorafobia ou outras quaisquer fobias que vos impeçam de agir como os restantes seres humanos.

Shukran,
Abreijo.

Réveillução.

"Ah e tal, vem aí um ano novo. Diogo, vais deixar de te armar em parvo e fazer da 'simpatia para com o Mundo' uma das tuas resoluções?"
- Primeiro: Não vos conheço de lado nenhum para me estarem a insultar desta maneira. Comportem-se!
- Segundo: Pelo amor de Alguém (não quero ferir susceptibilidades), não sejam parvos! Sim, eu faço disso uma das minhas resoluções se vocês prometerem que deixam as palhaçadas para o pessoal do Soleil, profissional e experiente na coisa.
O texto de hoje traz-vos uma infinidade de propostas, um verdadeiro rodízio de bons conselhos e úteis (espécies de) ensinamentos, pensados para mim mas que eu quero ver partilhados por e para vocês. Isto porque, na verdade, eu sou um mãos largas, meus amigos. Literalmente? Também.
É uma teoria complicada, a que vos trago, mas tentem acompanhar o meu complicado mas fantástico raciocínio: Porquê mudar de ano se podemos aproveitar tudo o que os anos futuros têm para nos oferecer num único ano? Imaginem, não era excelente se tivéssemos ficado em 2009 e ficássemos a ter conhecimento do iPad um ano antes? Não era fantástico se tivéssemos ficado em 2000 e ficássemos a saber da queda do World Trade Center um ano antes? Mais, não seria giro ficarmos em 2011 e ficarmos a conhecer os carros voadores, a salvação da economia portuguesa (isto é só a minha fé a trabalhar...) e a já há muito aguardada transformação da Lili Caneças num andróide?
É por isto que eu não queria abandonar 2010, meus caros... Se tivesse lá ficado, hoje poderia dizer que levei com o aumento do IVA primeiro do que toda a gente, ainda em 2010. Poderia, também, dizer que fui a primeira pessoa a atestar o depósito do carro a 1,347€ o litro (ou pelo menos fui a primeira pessoa a fingir fazê-lo, pois ainda sou cliente frequente daquelas discotecas ambulantes que fazem questão de se mexem por nós, vulgo autocarros). Poderia, até, dizer que vi o Benfica ser campeão duas vezes no mesmo ano (2010), um ano antes do que a própria equipa. Pensem: Preferem ser originais e poder dizer que viveram tudo o que há para viver primeiro do que o resto das pessoas ou preferem ser medianos, vivendo e descobrindo tudo ao mesmo tempo que as outras pessoas e em anos muito posteriores?
É esta a minha causa, é por isto que luto e é por isto que vos abro os olhos para que, então, se juntem a mim: Vamos acabar com a expressão "Ano Novo". Vamos manter-nos sempre no mesmo ano, o ano velho. Vamos fazer deste ano um ano que consiste em décadas, em séculos, em milénios. No ano de 3514, ainda estaremos (não nós, mas certamente a Lili Caneças-Robô) no ano de 2011, um ano recheado de coisas novas, de imensa originalidade contida em apenas 365 hipotéticos dias.
Vamos lutar contra a mediania, vamos marcar para a História a geração da "Originalidade de 2011"! Vamos contribuir para que os nossos filhos, os nossos netos e os nossos bisnetos-andróides tenham menos trabalho em decorar datas históricas; façamos com que tudo aconteça num único ano. Se não for por isto, então que seja simplesmente para contrariar as profecias Maia do fim do Mundo. Que o Mundo acabe em 2011, em vez de 2012. Vamos mostrar aos Maias (os antigos, não os do livro) quem manda, nos dias de hoje.

Mauliate,
Abreijo.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Devaneios natalícios.

O Natal é uma altura mágica, um verdadeiro regalo para os olhos, para o gosto, para o nariz, para a audição e, até, para o tacto, ao passarmos a mão pelo rabo e sentirmos a carteira fininha e vazia no bolso de trás das calças.
No entanto, e por muito bom que isto possa parecer - até no aspecto da carteira, pois permite que nos sentemos sem nos preocuparmos com a possibilidade ou não de partir o cartão de crédito - existem facetas da estupidez humana que apenas se acentuam ainda mais nesta altura do ano, ideias (mal) pensadas especialmente para esta quadra repleta de quantidades enormes de alegria e de mais dígitos na conta da electricidade.
Falo, obviamente (e se o caro leitor ainda não adivinhou, ou não costuma vaguear por este blogue ou tem níveis de Q.I. iguais ao número de calorias numa folha de alface), na tradição dos presépios vivos. Ora, há seres vivos aos quais eu até perdoo o facto de não se mexerem, de ficarem uma vida toda no mesmo sítio a levar com Sol, com vento ou, mesmo, com todo o microclima que se criou à volta da barriga do Fernando Mendes. No entanto, até estes seres conseguem realizar actividades minimamente... activas vá, seja a fotossíntese, o crescimento de frutos, a emanação de oxigénio ou, mesmo, a capacidade de correr atrás de uma bola com outros 10 companheiros e atribuir a si próprio o título de "jogador da Selecção Nacional" (já que estamos a falar em "florzinhas").
O ser humano, porém - e tinha eu esta ideia -, caracteriza-se por ser uma das excepções à regra. Ele deve-se mexer, fazer, realizar, aproveitar-se do facto de lhe terem sido atribuídos membros - quatro, regra geral; se bem que possam haver excepções (já aqui faltava o belo do humor negro) - para contribuir em algo para a manutenção do modo de vida no nosso Planeta Azul. Não querendo apontar o dedo a ninguém, é óbvio que há pessoas que deviam morrer com pauzinhos de gelado entalados na garganta, pelas atrocidades que proporcionam à vida e vivência humana (Bush), mas ainda sonho com o dia em que o Mundo será regido pelo pessoal da Greenpeace a par com a Polícia Internacional da União das Verduras (PIUV).
No entanto, e voltando ao tema, gostaria que me respondessem a uma pergunta: Os presépios vivos não têm o intuito de mostrar cenários bíblicos de outra forma que não com figuras feitas em barro e com pinturas muito mal feitas? À primeira vista, apontaria para uma resposta afirmativa. No entanto, alguém muito esperto decidiu que os presépios vivos deveriam ser exactamente a mesma coisa, mas com seres humanos a fazer de estátuas. Ou seja, substituiu-se as figuras em barro por seres humanos, mas a imobilização manteve-se.
"E porque é que isto te indigna?", perguntam-me vocês mas em voz alta porque estou a ouvir a Stayin' Alive dos Bee Gees a altos berros (o volume até está baixo, o vocalista é que consegue irromper pelas colunas como qualquer homem com mais de 50€ por entre qualquer réstia de bom-senso que ainda possa existir dentro da Elsa Raposo). Indigna-me porque quando vou ver um presépio vivo espero sempre mais animação: três reis magos em cima de camelos e a falar sobre a situação política nos seus reinos, um burro e uma vaca em despique para ver quem dá coices mais fortes ou, até, e à falta de melhor, muitas luzes, música a altos berros e bebidas efeminadas, para dar um ar mais moderno à coisa.
Tantos caracteres para dizer o quê? Deixem de chamar aquilo de presépio vivo, passem a chamar de presépio imóvel, staring contest, exemplificação dos níveis de alegria nas festas da Lux. Enfim, algo que me faça acreditar em qualquer réstia de sanidade humana, pelo menos na época do Natal.

Xie xie,
Abreijo.