Já aqui me exprimi sobre as
qualidades praticamente indestrutíveis das mãos das mães no que diz respeito à sua
resistência ao calor, mas a verdade é que os tijolos a que os progenitores do
sexo masculino teimam em chamar de mãos também não lhes ficam atrás.
Falo por experiência própria: o
meu pai tem mão pesada! E nem é por uma questão de eu ter levado palmadas
quando era miúdo, que dessas até levei muito pouco porque sempre fui um rapaz
bem-comportado e com cheiro a frutos do bosque, mas sim porque uma vez tentei
dar-lhe um aperto de mão, como os senhores crescidos faziam, e ia ficando sem
ossos.
Desconfio que, se o meu pai fosse
um homem de negócios, nem precisava de dizer nada para fechar os contratos.
Bastava-lhe apertar a mão do seu interlocutor quando se encontrassem e, das
duas, uma: ou o indivíduo assinava logo o contrato com a mão ou teria de
assiná-lo mais tarde, a equilibrar a caneta com os cotovelos. E teria sorte se
não levasse uma “palmadinha nas costas”, que na óptica do meu pai é como levar
com um muro de betão armado entre as omoplatas.
Mas desconfio que todos sejam
assim. Parece, aliás, uma qualidade necessária para se ser pai. Ser-se pai com
umas mãos suaves e cuidadas é o mesmo que ser-se pescador e não se chegar a
casa com a roupa a cheirar a peixe. Não dá, faz parte da descrição do trabalho.
Mais, urge-se qualquer assistente
social deste país que, caso veja um pai com as mãos sensíveis e perfumadas,
retire logo a(s) criança(s) da sua custódia, porque aquele senhor não deve ser
boa rês nem deve estar a cumprir devidamente as suas funções de pai, com
certeza.
As barrigas dos pais merecem
bastante atenção, sem dúvida, até pelo seu tamanho e pelo investimento que nela
depositam. Mas é nas suas mãos que reside o seu verdadeiro valor.
Caro leitor, se vai ser pai
brevemente e tem as mãos tão suaves como o futuro rabo do seu futuro rebento,
então aconselho-o a ir trabalhar dois mesitos nas obras ou no campo. O primeiro
mês será para se habituar, o segundo será para calejar as “habituações” do mês anterior.
Considere isto um conselho de
amigo, apesar de eu, provavelmente, não o conhecer de lado nenhum.
Abreijo.