sábado, 8 de agosto de 2015

A complexidade do foguete.

“BOOOM”, rebenta o foguete! Os mais atentos já sabem que há festa, algures na ilha. Os desatentos ouvem mas não ligam, porque está toda a gente tão habituada àquele som estridente que já nem se nota. Passou a ser algo completamente natural, como o barulho da chuva, o chilrear dos pássaros ou as cantigas alternadas em noite de cantoria.

Não há outro som que assinale tão bem uma festa como um foguete. No futebol há o apito, e em algumas corridas há o tiro. Coisas rápidas, efémeras… Que servem apenas o propósito de dizer que começou algo.
Já o foguete é, no geral, e por si só, puro espectáculo! Desde a forma como é aceso, normalmente por via de um cigarro no canto da boca, até ao espectáculo visual que cria no céu, de clarões e de fumaça, e que perdura por alguns segundos. Mais bonito se torna ainda quando os rebentamentos são múltiplos, ocorrendo num ritmo que já todos nós conhecemos de cor.

Há quem não goste, e até há quem tenha medo – quem se assuste com o barulho –, mas não há quem não o reconheça e não perceba o significado daquele som. Os mais assustadiços podem sempre recatar-se numa das várias casas sempre abertas do arraial, a enfardar comida e bebida na esperança, certamente, de conseguir tapar os ouvidos através do paladar, vá-se lá saber como.

O foguete é como a sineta da escola que todos odiávamos ou adorávamos, dependendo se tocava para o início das aulas ou para o começo do recreio. Também ele indica o início ou o fim das festas, motivando a alegria ou o desalento dos festivaleiros.

O foguete também é perigoso, não digo que não… Se for mal direccionado, ou se a cana cair a pique em cima de alguém ou de alguma coisa, até é capaz de fazer alguns estragos. Mas as pessoas arriscam na mesma porque sem foguetes não há festa e, sem festa, não dá para apanhar as canas e recordar os momentos em que os foguetes anunciavam o começo das festas.

Abreijo.