sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Pouca sorte.

Há várias coisas em relação às quais estou em posição de vos adiantar que nunca irão acontecer enquanto forem vivos. Eu ainda devo viver mais um aninho ou dois do que vocês porque sou porreiro , por isso talvez ainda as presencie. Mas vocês nunca, nunca vão, por exemplo, ver a Selecção Nacional de hóquei em patins ganhar o campeonato mundial de andebol. Garanto-vos! Tal como nunca irão ter uma aplicação para telemóveis que substitua um bom bife com ovo a cavalo e batatas fritas. Bem, quanto a isso já não tenho tanta certeza...
Mas, de todas as coisas que nunca hão-de acontecer na vida, há uma que me parece especialmente impossível: Alguém ligar-nos a divulgar o resultado de um sorteio de rifa, quer tenhamos "ganho" ou não. Escrevo "ganho", assim entre parêntesis, porque, na verdade, e não há quem me tire isto da cabeça porque eu sou comichoso, nunca ninguém chega a ganhar. É verdade, temos aqui a revelação do ano: Os sorteios de rifa são um embuste!
Comprar uma rifa é nada mais nada menos do que fazer caridade, disfarçada de um bom negócio. "Um cabaz com todos os meus produtos lubrificantes favoritos por apenas um euro?" Parece um negócio imperdível, não é? Mas podem ir já andando ao supermercado mais próximo comprar aquele sabão da loiça especialmente pegajoso, porque nunca vão ganhar esse cabaz. Simplesmente porque ele não existe, foi apenas um pretexto para vos sacar um euro! Se vos prometerem uma viagem ou um carro como primeiro prémio num sorteio de rifas, o mais provável é que passem a vida toda em casa de malas feitas, à espera da partida.
"Olha o que me saiu na rifa!" é, e sempre será, apenas uma expressão, porque nunca sai realmente nada a ninguém numa rifa. Só dinheiro do bolso. Mas eu, no fundo, não me importo, porque quando a causa é nobre ou quando a pessoa que me interpela é-me suficientemente próxima para vir a guardar rancor eu até contribuo. Pessoalmente, ainda contribuo com dinheiro, mas já começa a haver quem pague com sexo, ou outras miudezas do género. Depende do bom senso de cada um.
Uma pequena história pessoal: As probabilidades de se ganhar algo numa rifa são tão escassas que um dia venderam-me uma rifa que nem estava numerada, e nem se deram ao trabalho de a preencher com as minhas informações. Portanto, das duas uma: Ou não se deram ao trabalho de colocar os números nas rifas porque já sabiam que não ia haver sorteio, ou o prémio era uma tômbola especial que identificava o vencedor apenas pelo cheiro do papel, e ainda adivinhava o seu número de telefone. O que não seria um prémio mau de todo, diga-se de passagem...
Enfim, apenas sou da opinião de que há maneiras menos óbvias de sacar dinheiro às pessoas. Nos assaltos, por exemplo, é óbvio que estão-nos a sacar dinheiro, mas se estrebucharmos muito ainda podemos levar uma facada ou um tiro como recordação. É sempre uma história gira. Já com as rifas não: Ficamos só com um pequeno rectângulo de papel do qual nos esqueceremos inevitavelmente num qualquer bolso da indumentária que estejamos a usar naquele dia. Mais tarde, quando eventualmente nos indagarmos acerca do paradeiro da pequena rifa, já ela foi cinco vezes à máquina de lavar e tem agora a forma de um golfinho feito de pasta de papel.
E quando chegamos à idade de ter dinheiro para comprar rifas, a pasta de papel já não é tão divertida como era na escola primária.

Abreijo.

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