segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Para os meus botões.

Desta vez, e para variar um bocado, venho aqui para me indignar. Já me tinha indignado antes? Peço desculpa então, não tinha ideia disso. Sempre me vi como um pudim de felicidade besuntado com calda de harmonia. Prefiro calda de caramelo, mas já tanta gente me chamou caramelo que não me quis tornar repetitivo.
Então, neste meu estado de pudim de indignação sem qualquer tipo de calda, remeto-me a manifestar o meu profundo desagrado em relação às empresas responsáveis pela manufacturação de roupa. Não falo de nenhum tipo de roupa em específico, nem de nenhuma empresa em particular. E o tema não é assim tão profundo e/ou moralista: Sim, é horrendo que se use mão-de-obra a atirar para o escrava, e outros dilemas morais do género, mas esses assuntos são complicados demais para serem tratados por uma besta-comum como eu. O tema que venho aqui tratar é a faceta condescendente dessas mesmas empresas, e da mania que têm de prever que não vamos conseguir tomar conta das nossas próprias roupas.
Num dia de especial sorte, vou encontrar uma marca de roupa segura de si (e dos seus clientes) o suficiente para não precisar de facultar peças extra. A quantidade de botões e de atacadores extra que tenho guardados, na eventualidade de alguma vez precisar deles, ocupa-me tanto espaço nas gavetas que já pouco lugar tenho para arrumar as roupas propriamente ditas. Por causa disto, a minha mãe ainda hoje diz que eu sou desarrumado, ao que eu rebato que sou apenas uma alma inquieta; mas ela não acredita, e acaba por levar a melhor.
Sou, isso sim, um indivíduo preocupado, pois guardo sempre estas pequenas peças extra para o facto de, sei lá, me cair o botão das calças enquanto danço kizomba numa aldeia remota da África Ocidental. Coisa que nunca aconteceu quer o botão, quer a dança , e mesmo que acontecesse, servia-me de pouco ter a peça necessária guardada numa também remota gaveta em Portugal. Mas às vezes penso que sou um indivíduo preocupado em demasia, porque é relativamente raro alguma vez virmos a precisar daquela peça exacta. Em último caso, e na fraca eventualidade de realmente nos cair alguma peça, podemos sempre improvisar com outra muito parecida, comprada na loja mais à mão ou roubada de uma camisa especialmente feia, que só não mandamos fora porque nos foi oferecida por um familiar com boa memória. Sim, porque botões há muitos, seus palermas!
As marcas de roupa que facultam estas pequenas peças extra estão basicamente a tratar os clientes como crianças irresponsáveis e algo hiperactivas, o que no meu caso pode até ser verdade mas não tem que ser necessariamente no vosso. Ou isso, ou pensam que a forma predilecta das pessoas tirarem as suas roupas quando chegam a casa é arrancando-as da pele, ou dando dentadas nos botões até se conseguirem libertar.
Só há uma justificação plausível para as empresas se dignarem a fazer esta desfeita aos seus clientes: Assumir que estes são gordos demais para o tamanho da roupa que compram. E isso até é bem provável, porque há muito boa gente com corpo de pêssego a tentar ser ameixa.
Mas isso já é problema dos clientes; que deixem de tentar ser divas!

Abreijo.

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