segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Detector de metais.

Tal como muitos antes de mim, também eu tenho um sonho. Sonho em um dia encontrar uma boa rapariga (a palavra "boa" é imperativa), arranjar um tecto para viver, que não o tejadilho do carro, e comprar um carro para conduzir. O tejadilho também é facultativo. Pode ser um descapotável, que eu não pio.
Mas mais do que isso, pretendo começar uma vida sem ser constantemente barrado à entrada de um avião. E isto porquê, questionam vocês sem necessidade porque já sabem que eu nunca vos deixaria ficar sem uma explicação. Porque o ser humano, em geral, e os casais, em particular, têm a mania de festejar tudo com anéis.
Ora pensem, mas devagar que temos tempo: Há o anel de namoro, o anel de noivado, a aliança de casamento, o anel das bodas de prata, o anel das bodas de ouro, o anel das bodas de platina e o das bodas de latão com chumbo. Significa isto que quanto mais duradoura a relação, menos conseguimos dobrar as falanges. E eu adoro dobrar falanges... Dobro-as todos os dias, várias vezes ao dia. O problema arterial dos idosos não se deverá, portanto, às artroses nem às artrites, mas sim à quantidade de anéis que o casal açambarcou ao longo da sua vida conjugal. Mas não deixa de ser fofinho: Quanto mais os dedos se retorcerem, mais o casal se ama.
E eu pergunto-me, até porque gosto de dialogar comigo mesmo: Quantas mais ocasiões conjugais poderiam justificar o uso de anéis? Talvez se devesse comprar um anel por cada dia que acordassem ao lado um do outro. Assim era mais fácil descobrir os menos fiéis, seriam aqueles com maior elasticidade nos dedos das mãos. Por usarem menor quantidade de anéis e não só... Os mais fiéis também seriam facilmente identificados. Com tantas jóias de prémio passavam a assemelhar-se a chulos dos anos 80, o que acaba por ir um bocado contra o conceito de fidelidade. Ou rappers dos anos presentes, o que também acaba por ir um bocado contra o conceito de fidelidade. E de bom senso, até. Para além disso, o chocalhar dos metais interfere com os instrumentos de gravação, o que pode vir a ser chato mas, ao mesmo tempo, acaba por dar ritmo à faixa.
Só vejo duas situações em que o uso exagerado de berloques nos dedos possa vir a ser útil: No caso de peregrinações e na eventualidade de avaria na viatura. Aí sim, podemos substituir o colete reflector por uma mão cheia de anéis, desde que tomemos as devidas providências para não encandear os restantes utentes da rodovia. Podemos deixar de lavar as mãos, por exemplo... Ou comprar anéis com três níveis de intensidade, mínimo, médio e máximo. Os anéis de recuo já são mais caros, não se justifica.

Abreijo.

Sem comentários:

Enviar um comentário

A cada comentário morre uma criança em África, relativamente a cenas.
Veja lá o que vai fazer.