terça-feira, 12 de março de 2013

Um texto naj'oras.

Introdução relativamente longa e que pouco ou nada tem a ver com o assunto tratado no desenrolar do texto mas que mesmo assim é escrita, possuindo uma tonalidade cómica, não só para me acharem uma pessoa extremamente interessante e engraçada, mas também para ocupar espaço.
Bom, chegou a hora. De quê? Disto. E calha bem, porque quero-vos falar precisamente sobre as horas. Não tenho nada contra as horas, até acho que é uma forma muito boa de nos orientarmos e tal. Evitamos estar a olhar para o Sol cada vez que queremos saber em que altura do dia estamos. Diz que faz mal à vista. E o que durante a noite ainda é mais difícil, porque o Sol esconde-se e uma pessoa fica sem saber se é hora de almoçar ou de cear. Há quem diga que quando o Sol se esconde significa que anoiteceu, mas eu prefiro não dar voz a esses extremismos pouco fundamentados...
O verdadeiro problema aqui é a forma como muitos de vocês (sim, vocês!) decidem transmitir as horas. Se eu quiser dizer "São 8:50h", tenho à minha escolha três formas de comunicar esta informação. A primeira, e a meu ver a mais consensual, será: "São oito e cinquenta". É simples e é rigorosa, pois é sem tirar nem pôr aquilo que o nosso relógio nos diz. Estamos a transmitir ipsis verbis a informação que acabamos de ler.
A segunda forma que arranjamos para dizer as horas, e aqui já começamos a entrar no campo do improviso, é: "São dez para as nove". E até aqui tudo bem, é uma técnica já mais arriscada de transmissão de informações horárias mas ainda bastante aceitável. Não há mal nenhum nisso. Desde que, lá está, continuemos no espaço temporal presente.
Sim, porque a terceira forma de dizer as horas, talvez a mais frequente hoje em dia, pretende ser mais original e ir mais além do que as outras, acabando por ficar no entanto com fortes tonalidades de "bazófia". É, então, aquela fantástica formulação: "São nove menos dez". Epá, porquê?! Para quê essa pressa toda? Não estão satisfeitos com as oito horas? Elas fizeram-vos assim tão mal para já se quererem situar nas nove horas? Porque é que falam sempre como se já estivessem na hora a seguir, menosprezando a hora em que realmente estão? Isto não vale como viagem no tempo, meus senhores e minhas senhoras. Só porque dizem que são seis menos vinte não significa que estejam na dianteira em relação às pessoas que dizem que são cinco e quarenta. Estão ambos no mesmo espaço temporal.
É que se querem avançar assim tanto no tempo, então podemos dizer: "São quatro menos uma hora", o que significa que são três horas. Porque não? Ou então: "São vinte e quatro menos doze horas", sendo, então, meio-dia. Já que é para aparvalhar, então que sejamos megalómanos. E mesmo noutros contextos, porque não dizer à senhora do mercado: "Olhe, queria três quilos de laranjas menos um". O que significaria que só queríamos dois quilos de laranjas e muito provavelmente um murro na cara por parte da senhora. Elas não brincam.
É isto, caros leitores. Deixem de querer ser mais do que são no que diz respeito ao espectro temporal. Se ainda não estiverem convencidos, então pensem: não vos dá mais trabalho dizer "Tenho trinta e quatro anos menos três", do que dizer "Tenho trinta e um anos"? Para além de que se disserem que são nove menos dez parece que querem ser dez minutos mais velhos à força. Tenham calma, não é por avançarem dez minutos no tempo antes de todas as outras pessoas que já vão ter idade suficiente para conduzir e figurar em pornografia.

Abreijo.

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