Depois
de todas as facetas de indignação que aqui já vos transmiti, não me admiraria
que ficassem com a ideia de que sou uma pessoa antipática. Mas não, na verdade
sou tão simpático como um cão com cio. Com jeito até sou capaz de me agarrar à
vossa perna, se gostar mesmo de vocês.
No
entanto, tenho que admitir que por vezes tento evitar certos tipos de pessoas.
Mas tipos muito específicos, que vão um bocado além daqueles que a generalidade
das pessoas tenta ao máximo evitar. Com drogados posso eu bem, por exemplo,
pois temos mais ou menos o mesmo estado mental. E até com políticos me dou bem,
principalmente porque quase só os vejo na televisão. Também não faço muita
questão de aprofundar amizades com eles. Tento, isso sim, evitar ao máximo
pessoas que me irritam profundamente, daquelas que se tivesse uma pistola à mão
era capaz de disparar sem hesitar. Não para elas, mas para os seus tios-avós
mais chegados, ou assim. Só para aprenderem!
E é
raro haver quem me consiga irritar mais do que pessoas que estão a tirar a
carta de condução. E atenção, não estou a falar de pessoas que já têm licença
para conduzir! Falo, isso sim, de pessoas que ainda estão em vias disso. Tirar
a carta de condução é como uma gripe, é algo que dá e passa. E ainda bem que
assim é, porque nessas alturas as pessoas ficam insuportáveis e nem com
termómetros no recto isso lhes passa. Acreditem, eu já tentei...
E
ficam insuportáveis porquê? Porque as pessoas que tiram a carta de condução
querem sempre tentar ao máximo mostrar que sabem. Quando se está a tirar a
carta, os níveis de show-off de uma pessoa aumentam na casa dos 98,73%,
de acordo com números oficiais... do meu cérebro. E isso até se percebe num
contexto de aula, ou de uma prova de avaliação. Em qualquer outro contexto, não
é assim tão relevante. Porque, vejam: às pessoas que nunca tiraram a carta de
condução não lhes serve de nada que andem a balbuciar factos rodoviários a toda
a hora, elas simplesmente não fazem nem querem fazer ideia do que vocês estão a
falar; às pessoas que já tiraram a carta de condução, provavelmente também lhes
servirá de pouco porque, lá está... já tiraram a carta!
No
entanto, continua a haver uma quantidade alarmante de parvalhões que não
conseguem acabar um café curto com amigos sem lhes falar em contra-ordenações
graves, ou ir de pendura num carro sem dar palpites acerca do estacionamento da
pessoa ao volante. Se está ao volante, muito provavelmente já sabe conduzir!
Certo? Certo.
E
depois passa-lhes. Como por milagre, mal estes indivíduos começam finalmente a
conduzir acabam por perceber que os seus conhecimentos não eram assim tão
especiais. (Quase) Todas as pessoas que andam na estrada também os tinham.
Afinal, não eram nenhuns génios rodoviários. Incrível, não é?
Eu,
por exemplo, raramente fazia isso na escola. Independentemente da quantidade de
conhecimentos que tivesse, não fazia muita questão de os debitar. Na maior
parte das vezes, até me tentava esconder debaixo da saia da Carla
"Badalhoca" sempre que o professor fazia uma pergunta para a turma.
Às vezes fazia-o só por lazer, tanto meu como dela. Mas na maior parte das
vezes era por causa disso das perguntas...
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