segunda-feira, 4 de março de 2013

Ócio gregoriano.

Antigamente, bastava passar-se aproximadamente quinze minutos num qualquer café para se ouvir a expressão: "Isto está mau!" Hoje em dia, basta sair à rua e ouvimos um senhor a dizer isso ao seu cão, que acabou de defecar em pleno passeio. Só o dinheiro gasto em sacos de plástico implica menos um bife por semana para o pobre senhor. É da maneira que vai menos vezes ao supermercado e adquire menos sacos de plástico. Olha, boa...
De facto, a vida está difícil para todos. Quer dizer, para quase todos. Sim, porque existem certas entidades que ainda agem como se não fosse nada com elas, que ainda vivem na ostentação e na ociosidade. Mas esta gente não tem televisão em casa, não vê as notícias? Falo, como é óbvio, no mês de Fevereiro. Sim, o mês de Fevereiro! Poder-se-á classificar um mês como uma entidade? E se sim, será relevante aferir se tem televisão em casa ou não? São tudo questões deveras interessantes, que só não respondo de modo a fomentar o vosso espírito crítico.
Ora bem, feito o engonhanço inicial, e apresentado o tema, vamos aprofundar a questão mesmo até lá abaixo. Fevereiro é preguiçoso. Fevereiro é aquele gajo que nunca aparece no planeamento e na elaboração dos trabalhos, mas que não falha no dia da apresentação. Basicamente, Fevereiro é um mês indolente e armado em vedeta. Trabalha menos que os outros, mas mesmo assim acha-se no direito de figurar no calendário. E logo num dos primeiros lugares! Porque, vejamos: Alguns meses têm trinta e um dias, outros só têm trinta. E tudo bem, uns são menos produtivos que outros mas ainda assim vê-se que se esforçam. Junho, por exemplo, compensa o dia a menos de trabalho com o facto de ser um mês no qual o calor já aperta bastante e as meninas começarem a sentir necessidade de esquecer a existência de roupa. E, assim, todos ficam contentes.
Agora, vinte e oito dias?! A sério, Fevereiro... A preguiça tem limites! Não queres trabalhar, dá lugar a outro mês qualquer. (Reparem que estou a falar em discurso directo com... um mês. Portanto, é isto. Estou a falar com um mês. E não me droguei, juro!) Em vez do Fevereiro, instituímos o... Ladrilheiro. Olha, nem fica mal: Janeiro, Ladrilheiro, Março... Ou então ficamos só com 11 meses oficiais, pronto. Mas que sejam meses a sério! O resto do tempo aproveitamos para comer uma merenda, ou para visitar a nossa avó que vive do outro lado da floresta. Aquilo ainda é grande, e leva o seu tempo.
Mas como todos os preguiçosos, vemos que também o mês de Fevereiro não vive de consciência livre. Por vezes esta pesa-lhe tanto que lá de quatro em quatro anos ele lembra-se de trabalhar mais um dia. Mais um dia, vejam bem! Meu Deus, que custoso... É que nem nesses anos Fevereiro alcança o nível de produtividade dos outros meses. É o mesmo que eu pensar: "Pronto, em quatro anos não ajudei a minha mulher com as limpezas da casa. Amanhã vou levantar os pés quando ela passar o aspirador!" Não serve de nada, caríssimo Fevereiro. A inutilidade continua lá!
E dizem vocês: "Mas tu nem tens mulher!" E eu respondo afirmativamente, com um gracioso aceno de cabeça, arrastando-me tristemente para os meus aposentos.

Abreijo.

3 comentários:

  1. Brutal. Ups, menos uma em África. Depois faço 2 para compensar.

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  2. É um objectivo de vida ambicioso, mas tenho plena confiança nas capacidades dos meus leitores.

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A cada comentário morre uma criança em África, relativamente a cenas.
Veja lá o que vai fazer.