“BOOOM”, rebenta o foguete! Os
mais atentos já sabem que há festa, algures na ilha. Os desatentos ouvem mas
não ligam, porque está toda a gente tão habituada àquele som estridente que já
nem se nota. Passou a ser algo completamente natural, como o barulho da chuva,
o chilrear dos pássaros ou as cantigas alternadas em noite de cantoria.
Não há outro som que assinale tão
bem uma festa como um foguete. No futebol há o apito, e em algumas corridas há
o tiro. Coisas rápidas, efémeras… Que servem apenas o propósito de dizer que
começou algo.
Já o foguete é, no geral, e por
si só, puro espectáculo! Desde a forma como é aceso, normalmente por via de um
cigarro no canto da boca, até ao espectáculo visual que cria no céu, de clarões
e de fumaça, e que perdura por alguns segundos. Mais bonito se torna ainda
quando os rebentamentos são múltiplos, ocorrendo num ritmo que já todos nós
conhecemos de cor.
Há quem não goste, e até há quem
tenha medo – quem se assuste com o barulho –, mas não há quem não o reconheça e
não perceba o significado daquele som. Os mais assustadiços podem sempre
recatar-se numa das várias casas sempre abertas do arraial, a enfardar comida e
bebida na esperança, certamente, de conseguir tapar os ouvidos através do
paladar, vá-se lá saber como.
O foguete é como a sineta da
escola que todos odiávamos ou adorávamos, dependendo se tocava para o início
das aulas ou para o começo do recreio. Também ele indica o início ou o fim das
festas, motivando a alegria ou o desalento dos festivaleiros.
O foguete também é perigoso, não
digo que não… Se for mal direccionado, ou se a cana cair a pique em cima de
alguém ou de alguma coisa, até é capaz de fazer alguns estragos. Mas as pessoas
arriscam na mesma porque sem foguetes não há festa e, sem festa, não dá para
apanhar as canas e recordar os momentos em que os foguetes anunciavam o começo
das festas.
Abreijo.
Sem comentários:
Enviar um comentário
A cada comentário morre uma criança em África, relativamente a cenas.
Veja lá o que vai fazer.