quinta-feira, 25 de junho de 2015

As mãos dos pais.

Já aqui me exprimi sobre as qualidades praticamente indestrutíveis das mãos das mães no que diz respeito à sua resistência ao calor, mas a verdade é que os tijolos a que os progenitores do sexo masculino teimam em chamar de mãos também não lhes ficam atrás.

Falo por experiência própria: o meu pai tem mão pesada! E nem é por uma questão de eu ter levado palmadas quando era miúdo, que dessas até levei muito pouco porque sempre fui um rapaz bem-comportado e com cheiro a frutos do bosque, mas sim porque uma vez tentei dar-lhe um aperto de mão, como os senhores crescidos faziam, e ia ficando sem ossos.

Desconfio que, se o meu pai fosse um homem de negócios, nem precisava de dizer nada para fechar os contratos. Bastava-lhe apertar a mão do seu interlocutor quando se encontrassem e, das duas, uma: ou o indivíduo assinava logo o contrato com a mão ou teria de assiná-lo mais tarde, a equilibrar a caneta com os cotovelos. E teria sorte se não levasse uma “palmadinha nas costas”, que na óptica do meu pai é como levar com um muro de betão armado entre as omoplatas.

Mas desconfio que todos sejam assim. Parece, aliás, uma qualidade necessária para se ser pai. Ser-se pai com umas mãos suaves e cuidadas é o mesmo que ser-se pescador e não se chegar a casa com a roupa a cheirar a peixe. Não dá, faz parte da descrição do trabalho.

Mais, urge-se qualquer assistente social deste país que, caso veja um pai com as mãos sensíveis e perfumadas, retire logo a(s) criança(s) da sua custódia, porque aquele senhor não deve ser boa rês nem deve estar a cumprir devidamente as suas funções de pai, com certeza.

As barrigas dos pais merecem bastante atenção, sem dúvida, até pelo seu tamanho e pelo investimento que nela depositam. Mas é nas suas mãos que reside o seu verdadeiro valor.

Caro leitor, se vai ser pai brevemente e tem as mãos tão suaves como o futuro rabo do seu futuro rebento, então aconselho-o a ir trabalhar dois mesitos nas obras ou no campo. O primeiro mês será para se habituar, o segundo será para calejar as “habituações” do mês anterior.


Considere isto um conselho de amigo, apesar de eu, provavelmente, não o conhecer de lado nenhum.

Abreijo.

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