quarta-feira, 19 de março de 2014

Pequenos seres diminutos.

Este textinho que estou a escrever é especialmente dedicado ao leitor que pariu recentemente um filho, ou que pelo menos contribuiu para o acto de parição. E digo "textinho" para ir ao encontro do vosso próprio linguajar, porque eu gosto de me adaptar ao ambiente em que me encontro. É por isso que, todos os dias, como um bom punhado de milho seco e choco um ou dois ovos, dependendo da intensidade do calor. Para quem não percebeu a piada, vivo num galinheiro.
Que os bebés são pequenos, pelo menos quando comparados com as crias de uma mãe mamute (leiam esta última parte em voz alta), por exemplo, já toda a gente sabe. Mas que os pais ficam quase do tamanho dos bebés, pelo menos em termos de mentalidade, é que já não está ao alcance da compreensão de toda a gente. O objectivo dos babados progenitores é, geralmente, simplificar, mas a maior parte das vezes o tiro sai-lhes pela culatra. Um pai que me diga que o seu filho tem dezasseis semanas, obriga-me a ter que calcular que dezasseis semanas são quatro meses. E eu nem gosto de calcular, de todo, principalmente quando ambos sabemos que há uma outra forma mais fácil de o cavalheiro se fazer entender. Chegamos ao ridículo de ter pais que se gabam de o seu rebento ter vinte e quatro meses, quando podia mais facilmente dizer que tem dois anos! E isto para quê? Para perpetuar a ideia de que o pequeno ainda é um jovem, e que está ali para as curvas? Isso já nós sabemos, que raio, é um bebé! Não estarão a reflectir nos vossos filhos as vossas próprias frustrações cronológicas, seus cotas?
Outra coisa: Se eu tomo banho embora poucas vezes, é certo , porque é que os vossos filhos tomam banhinho? Se eu bebo leite e como fruta, porque é que as vossas miniaturas de gente têm que beber leitinho e comer frutinha? Não temos todos os mesmos direitos? Então para quê todos estes diminutivos verbais? A mim não me deixam comer papinhas, porque pelos vistos já sou muito grande e só posso comer papas. Mas onde é que isso está escrito?! Também a minha indumentária passou de roupinha para roupa, porventura para acompanhar o meu crescimento. Em relação ao vosso pirralho, vocês têm mil cuidados com a cabecinha; já eu, posso rachar a cabeça num tronco de lenha especialmente rijo que ninguém se importa, só me perguntam se cortei o suficiente para, pelo menos, refrescar a lareira.
Não é justa, esta diferença de tratamentos. E nem sequer é coesa, diga-se de passagem... Porque, vejamos: Um copinho pode ser um copo, mas uma palhinha não é uma palha. Ninguém manda o filho ir buscar palha, nos dias de hoje. Antigamente sim, mas era para alimentar os animais, e não os filhos. Uma palhinha será sempre uma palhinha, independentemente da idade do usuário. Avós e netos podem partilhar palhinhas, embora não seja sanitário; e talvez seja um bocado estranho, até... Mas o certo é que podem, independentemente do facto de um ter rugas por ainda ter peles para encher e de o outro ter rugas por já ter as peles a descair.
Fiquem com esta imagem. E que não me caia um "dentinho", com a graçola.

Abreijo.

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