sábado, 13 de julho de 2013

Tecelagem e estética.

Indo muito para além do argumento aceitável acerca da sua complexidade, o ser humano alcança muitas vezes a fronteira da estupidez. E entra à patrão, sem quaisquer controles alfandegários. Sim, eu sei que também sou um ser humano e que, por extensão, serei também estúpido. Mas não me importo porque, no meu caso, é por escolha própria. A vida de estúpido sempre me seduziu, desde pequeno.
Ora, e que tipo de comportamento estranho é que denunciarei desta vez, perguntam vocês nesse vosso tipo de voz anasalada? Ah, sei lá... Talvez aquela mania de colocar bocados rectangulares de tecido no chão para lá roçar os imundos pés, por exemplo! Sim, vamos discutir tapetes. Se têm problemas com isso, podem substituir a leitura deste texto pela ingestão de uma sopinha de leguminosas. É bastante mais saudável.
Há poucas diferenças entre uma casa adornada com imensos tapetes e o meu quarto no final da semana. Em ambos os casos, há muita roupa espalhada pelo chão. Mas, por alguma razão, é perfeitamente aceitável andar em cima de tapetes, enquanto que se puser os pés em cima da camisa que usei ontem para o casamento da minha prima em segundo grau já sou só porco. É que é em segundo grau, só! Se fosse em primeiro, até percebia a indignação.
É que, pensem: O principal propósito dos tapetes, para além da limpeza de pés, é o embelezamento. Alguns servem para voar, mas só no imaginário de alguns árabes mais frequentes no uso de "ervas medicinais". Ou seja, o que se propõe é espalhar roupa pelo chão para a casa ficar mais bonita. É o equivalente a untar propositadamente o corpo com lama, algo que se acontecer involuntariamente é considerado nojento, para embelezar a pele. Não se percebe...
E o mesmo também se aplica a carpetes. A queixa mais comum por parte de pessoas que forram o chão da casa a carpete está relacionada com a dificuldade de limpeza da mesma. A minha queixa em relação a essas pessoas é que ainda estejam presas na primeira metade século XX, porque já ninguém usa carpete. Usar carpete pouco mais é do que agasalhar o chão. Não passa de uma solução rudimentar para abafar os passos quando, a meio da noite, nos apetece ir para a sala de estar ver pornografia da boa. É aí que está a televisão com ecrã maior. E, como todos sabem, o tamanho importa. Quer em relação à pornografia, quer em relação ao ecrã onde a visualizamos.
Para além disso, acho os tapetes de entrada uma abominação em relação à ética e aos bons costumes. O que aquilo implica, basicamente, é que dispensemos algum do dinheiro que nos custou a ganhar para comprar um bocado de tecido onde as nossas visitas possam depositar toda a imundice que trouxeram da rua através dos sapatos. "Olha, queria entrar mas tenho os sapatos cheios de entranhas de javali, que fui hoje à caça." Não faz mal, esfrega aí no tapete que me custou 50€, dinheiro que podia perfeitamente ter servido para alimentar a minha família que está à míngua há quase três meses.
Vou fazer uma experiência: Vou colocar à porta de casa uma t-shirt com "Bem-vindo" estampado. Quero ver quantas pessoas lhe vão esfregar os pés.

Abreijo.

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