quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Esclavagismo em cima do prato.

Eu saio pouco de casa. Quando saio, começo a contar os minutos até voltar para casa, porque, no fundo, e vão-me perdoar a sinceridade, eu não tenho paciência para vos aturar. É por isso que, quando realmente saio de casa, gosto sempre de ter a certeza de que vai valer a pena, e de que é por uma boa causa.

E é por isso que não percebo o conceito de buffet. Excluamos, desde logo, o facto de se parecer com uma palavra portuguesa bastante desagradável – a bufa – e analisemos em que consiste essa forma de refeição: VÁ VOCÊ FAZER! Ora, eu teria todo o prazer em fazer, claro… Se estivesse em casa! Mas como investi tempo e esforço para me preparar para sair de casa – tipo tomar duche e vestir uma roupa minimamente decente –, não me apetecia ainda ter de fazer o meu próprio prato fora de casa.

Porque, vistas bem as coisas, essa é a principal razão pela qual eu saí de casa: para não ter de me preocupar em tratar de mim próprio! Quero ter o privilégio de atirar dinheiro a alguém e ser essa pessoa a fazer aquilo que eu quero por mim. É só estúpido atirar dinheiro a alguém e ainda ter de trabalhar... Para isso, ia às meninas.

Dito isto, consideremos o buffet: qual é a diferença entre eu atirar duas folhas de alface e um bocado de carne para um prato em casa e fazer exactamente o mesmo num restaurante, mas a pagar? Correcto, a diferença é o “pagar”. É que nem é a velha questão do ‘pagar para ser mal servido’, é mesmo pagar para nem sequer ser servido!

E as pessoas engolem isto, literalmente. Ficam todas contentes porque pagaram e, agora, podem ir buscar o que querem comer. Isso também se faz nos supermercados, e por muito menos dinheiro do que num restaurante!

Como tentativa de atenuar este problema – no qual as pessoas não reparam que estão a ser alvo de uma espécie de escravidão gastronómica encapuzada –, alguns estabelecimentos adicionam ainda o “privilégio”, para justificar a sua barbárie, de podermos repetir o prato as vezes que quisermos. Ou seja, em vez de apenas um, porque não levanta você próprio o rabo da cadeira e vem elaborar mais outro prato de comida?
 
Enfim, se vocês não sabem o que fazer ao dinheiro ao ponto de irem elaborar pratos fora de casa, falem comigo. Abri um buffet novo ali na esquina. Só serve pontapés e chapadas na boca a pessoas com muito dinheiro, mas sem qualquer senso comum.

Abreijo.

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