quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Assobiadelas em construção.

Olá, pessoas bonitas! Quer dizer... Olá pessoas. Pronto.
Quem é que aqui sabe assobiar? É aquela coisa que envolve fazer um biquinho com os lábios e que não mete objectos fálicos nem câmaras fotográficas ao barulho. Agora, quem é que sabe assentar tijolo? É aquela coisa que ninguém quer ter que fazer, mas que tem sempre que calhar a alguns. Pois bem, se responderam de forma positiva a estas duas questões, há fortes possibilidades de vocês serem trolhas. E ainda bem, porque era mesmo com vocês que eu queria falar.
Eu tenho bastante apreço pela vossa labuta, a sério que sim. Mas a inovação é uma coisa necessária e até aconselhável praticamente em todos os trabalhos - excepto na venda de antiguidades -, e tenho sempre a ideia de que vocês não estão a inovar o suficiente. E a humanidade necessita da vossa inovação, por exemplo, no que diz respeito a dirigir assobios para gajas boas. Digam-me lá, há quantos anos usam o mesmo assobio para mostrar agrado em relação à constituição física de uma determinada pessoa? Todos sabemos de que assobio estou a falar, aquele "fui-fuiu!" a descair para o curto, mas com muita personalidade.
No fundo, somos todos um bocado trolhas, porque em todo o Mundo se recorre a um assobio idêntico. Já no que diz respeito aos piropos, somos uns artistas: "Ralava-te uma sopa de grelo com a minha varinha mágica!" e "A tua mãe merece a carta de piloto, porque não deve ser fácil parir um avião!" são verdadeiras obras de arte do mundo da construção civil, e da urbe no geral. Já a costumeira sonoridade do tal assobio torna-se repetitiva ao fim das primeiras, vá lá, duas décadas. Se ainda não estão convencidos - o que, desde já, demonstra alguma teimosia da vossa parte -, imaginem lá um Mundo onde os trolhas mandam sempre o mesmo piropo. É algo estranho, e até contranatura, não é?
Sim, se há coisa em que os trolhas são originais, para além de encontrar novos meios para esticar a factura, é nos piropos. E se o assobio é, no fundo, um piropo, então porque não variá-lo? Porque é que não começamos a assobiar uma das sinfonias de Beethoven quando vemos uma miúda gira? Uma qualquer, elas também não são esquisitas. Ganha-se em originalidade e em probabilidade de as engatar, porque ficarão a pensar que somos indivíduos com classe quando, na verdade, somos umas bestas. Quer dizer, eu não, mas vocês sim.
Pensem nisto, reflictam bem na vossa conduta piropeira. Se tiverem dúvidas em relação às quais eu possa ajudar, liguem para a minha secretária. Ela é pequenina, mas é feita em madeira maciça, de uma roseira que tinha no jardim. É resistente e trata-vos de tudo.

Abreijo.

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