quinta-feira, 1 de maio de 2014

Tudo a nu.

Não é verdade que me zangue apenas com os comportamentos humanos, como no outro dia me vieram dizer na rua. Estou a brincar, ninguém me aborda na rua. Independentemente disso, às vezes também me zango com os (restantes) animais. A questão é que, muitas das vezes, nem é o comportamento geral deles que me irrita, mas sim a sua passividade em relação aos humanos. Lá está, voltamos sempre ao mesmo... Pronto, se calhar é mesmo só a espécie humana que me faz espécie.
Meus compinchas de outras raças, meus amigos de locomoções alternativas: Porque razão se prostam de forma tão subserviente às extravagantes vontades humanas? Mais especificamente, porque é que aceitam que os humanos vos vistam? Sim, é disto que estamos a falar, meus amigos, do totalitarismo personificador dos seres humanos. Sentindo-se tristes e sozinhos na sua prática obrigatória de colocar vários tipos de tecido em cima do corpo, os seres humanos decidiram começar a vestir outros bichos, desde cães e gatos a lagartixas e iguanas.
E passo logo para um apelo, porque hoje está Sol e não me apetece estar aqui com muitos encargos: Não se ponham a vestir os animais, deixem-nos estar em paz consigo próprios! Pensem no quão livres eles se devem sentir, com tudo o que lhes é bambo a chocalhar ao sabor do vento. Não nos chega nós próprios termos que usar roupas que nos restringem o corpo e nos sufocam a pele? Sabem o que eu dava para poder sair à rua nu, e aparecer em frente a vastas quantidades de público sem necessidade de recorrer a qualquer peça de roupa? Quer dizer, no fundo até posso... Mas as pessoas têm tendência para se horrorizar, e ficarem especadas a olhar para mim. Vá-se lá saber porquê.
O que até acaba por me dar algum gozo neste fenómeno de vestir animais, no entanto, é a gritante cobardia do ser humano. Não é por acaso que só vemos animais de pequeno porte (e de fraco amor-próprio, diga-se) serem alvos deste achincalho por parte do ser humano. De facto, há animais que de passivos têm muito pouco, e a esses eu tiro-lhes o chapéu; figurativamente, porque se lhes tirasse mesmo o chapéu eles eram capazes de me arrancar metade da cara à patada. Se não acreditam, então tentem vestir uma t-shirt a um tigre, ou enrolar um cachecol tricotado em lã ao pescoço de um urso... E depois venham-me contar esse episódio, já sem metade da boca e com baba a percorrer-vos os queixos.
Posto isto, apresento-vos duas soluções: Ou deixam de tentar incutir no reino animal práticas e costumes estapafúrdios inventados, em alguma altura especialmente negra da história, por um ser humano relativamente pouco iluminado a nível mental , ou então começo eu já a fazer história e saio à rua sem qualquer tipo de constrangimentos sociais, de pudor e de qualquer espécie de roupa interior.
No fundo, tudo isto é uma desculpa, mais ou menos elaborada, para eu poder sair à rua nu. Até porque, como já disse, está Sol.
Cada qual com os seus fetiches.

Abreijo.

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