domingo, 12 de maio de 2013

Santa saúde.

Santinho. Santinho. Santinho. A partir daqui, já estão por vossa conta.
Sim, há pessoas que abusam da boa vontade dos outros. E quando a essas pessoas se junta uma vontade parva de dar nas vistas, o povo chateia-se, e com razão! E atenção que não estou de momento a criticar pessoas, disso já estou farto. Desta vez vou criticar: narizes. "Hã, Diogo?" Exacto.
Eu bem sei que a culpa do flagelo dos espirros múltiplos não será propriamente da pessoa em si, porque compreendo que poucos apreciem fazer cara de orgasmo em público para a seguir ficar com a mão cheia de muco... Bem, avancemos. A culpa é, de facto, do nariz, que decide armar-se sem sequer nos consultar. Mas eu até o percebo, porque quando éramos miúdos também lhe invadíamos o espaço com o dedo e retirávamos de lá bastantes guloseimas sem sequer um "com licença". Raios, este texto ainda agora começou e já está bastante badalhoco...
Eu até nem me importo que espirrem três, sete ou dezanove vezes, atenção. Só que a minha boa educação, que muitas pessoas pensam (erróneamente, claro) não existir, obriga-me a ter que responder sempre que alguém espirra. E nesses termos penso que responder dezanove vezes já é abuso. É que a resposta até é um acto voluntário, só respondo porque quero e porque, no fundo, sou um amor de bichinho! Mas, como em tudo, há quem se aproveite em demasia desta minha leviandade.
Porque, reparem: Eu sou uma pessoa imensamente influente, penso que disso não haverá dúvidas. Tanto que no outro dia obriguei um condutor a abrandar porque queria passar a passadeira. Por isso tenho medo que, caso não vos diga "Santinho!", que pelos vistos é o mesmo que desejar saúde (vá-se lá saber porquê), essa vossa saúde possa vir piorar. E depois fico com esse peso na consciência: "Epá Diogo, não me disseste 'santinho' quando estava constipado e agora cresceu-me um cancro num pé!" Eu ficaria desolado com uma afirmação destas... Se o carteiro espirrar à minha frente, não obtendo resposta da minha parte, e dali a uns anos me vier entregar uma encomenda em casa com claros sinais de calvície (no carteiro, não na encomenda), eu vou inevitavelmente pensar que é por minha causa. E não quero isso na minha consciência! Por isso faço questão de responder sempre que alguém espirra ao pé de mim, seja o barbeiro que encosta os seios à minha nuca quando me apara o cabelo à volta das orelhas seja a senhora ao meu lado no autocarro que cheira intensamente a refugado.
Mas a boa educação esvai-se e a consciência deixa de me pesar quando abusam da minha boa vontade. Aí apetece-me partir narizes, desconsiderando completamente o vosso bem-estar. Nessas alturas até torço para que sejam carecas, como o carteiro!
Vá lá que algumas pessoas espirram com um sentido de ritmo, que sempre dá para trautear alguma coisa. O meu tio, por exemplo, conseguia espirrar Beethoven, até que a minha tia lhe deu com um machado na cabeça.

Abreijo.

2 comentários:

A cada comentário morre uma criança em África, relativamente a cenas.
Veja lá o que vai fazer.