segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A mal-amada sétima arte.

Ora viva! Comecemos com uma declaração chocante: Eu não gosto de cinema.
Pronto, agora que já vos choquei, isso também não é bem assim. Quer dizer, eu até gosto de cinema, só não gosto é de ver filmes. Quer dizer, eu até gosto de ver filmes, mas não os consigo ver. E não é por impossibilidade de meios, até porque cinemas há muitos, leitores de DVD também e, vá lá, sejamos honestos, Internet.
Só não consigo ver filmes por uma limitação pessoal. É que são muito longos e, ao mesmo tempo, muito curtos. Sim, tirei o dia para vos fazer a cabeça em água... Este é um dilema que já me acompanha há vários anos, desde que descobri a magia das séries televisivas; esses pedaços pontuais de perdição e loucura videográfica... Peço desculpa, estava a pensar em pornografia.
Se eu vir um filme, por exemplo, no computador, pauso-o várias vezes para ir ver o email, para verificar o estado actual das redes sociais, para ir à casa-de-banho, para ir tratar do cão e, até, certa vez, para ir lavar a loiça. E faço isso não por obrigação, mas porque não consigo ver uma, duas ou até mesmo três horas seguidas de qualquer coisa sem ter que fazer uma pausa. Uma vez, uma namorada minha obrigou-me a olhá-la de lingerie durante apenas meia-hora, e passados dez minutos já eu estava a jogar às cartas com o meu sogro. Numa outra sala, claro...
E vocês argumentam: "Então vai ver ao cinema, meu palhaço!" E eu respondo: Palhaço não, que ainda não acabei a formação. Mas é inútil, também no próprio cinema tento sempre encontrar desculpas para que haja pequenas pausas no filme. Ou se me acabam as pipocas, ou se me acaba o sumo, ou se acabam as pipocas e o sumo da pessoa ao meu lado; ou se me dá vontade de ir urinar, ou se dá vontade de urinar à pessoa ao meu lado... Enfim, sou uma pessoa muito prestável e altruísta.
E, no entanto, apesar do muito tempo que demora um filme a terminar, a verdade é que o tamanho e a desenvoltura da história nunca me satisfazem. Acho sempre que ficaram coisas por contar, fico sempre à espera de um novo episódio na semana seguinte. Por isso é que, para mim, as séries televisivas são perfeitas, pois são cozinhadas numa rica e longa história e temperadas com várias pausas intercaladas, formando a dose, o aroma e a textura perfeitos.
Por isso, meus caros, deixem lá de me crucificar todas as vezes que digo que não sou fã de cinema. Não é por ele não ser bom, que às vezes até o é, mas sim porque tenho problemas de atenção.
No fundo, tenho uma forma estranha de hiperactividade, que é aquilo que, antigamente, se chamava só de má-criação.

Abreijo.

2 comentários:

  1. Bem, é só para dizer que este post fez-me soltar uma gargalhada sonora. E isso é bom. É sinal que gosto da maneira como escreves e como tal, irei adicionar o teu blog ao meu, que é de cinema (se isso não te incomodar!) ;) e Boas séries! Quais é que segues e recomendas, já agora?

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  2. Ui, um blogue de cinema e eu fui meter-me mesmo na boca do lobo... Haha, muito obrigado Helena! É sempre bom receber feedback por parte de colegas bloggers. :)
    Ora, em termos de recomendações: Scrubs (indispensável), Derek, Doctor Who, Extras, Breaking Bad, True Detective, Game of Thrones, How I Met Your Mother, Community, Friends, Dexter... Enfim, tanta coisa que te ocuparia o resto do ano!

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A cada comentário morre uma criança em África, relativamente a cenas.
Veja lá o que vai fazer.